terça-feira, 1 de março de 2011

Apresentação na BTL por Antonio Pedroso em 25 Fevereiro 2011


S. Jorge é um imenso dragão de lava eternamente fossilizado no atlântico, O Espaço perfeito para umas férias em contacto directo com a natureza.

Localizado no coração do arquipélago, com uma configuração geológica totalmente diferente de todas as outras ilhas.
Resultado de três diferentes fenómenos vulcânicos em épocas distintas que lhe conferiu particularidades, tais como, o único alinhamento de cones vulcânicos dos Açores, e uma diversidade imensa de fajãs.
Para quem desconhece o significado da palavra, fajã é uma torrente de lava que ao entrar em contacto com o mar, formou uma língua de terra a sombra da encosta. Mais do que as palavras, as imagens mostram as fajãs de S. Jorge.
Os jorgenses nunca se sentem sós, esta ilha é uma janela aberta para as ilhas vizinhas enquadrada em cenários magníficos das ilhas circundantes, Graciosa e Terceira, do lado norte.
Faial e Pico ao sul, estão ali a dois passos, servindo de pontos cardeais, acompanhando-nos no dia-a-dia, fazem parte das nossas vidas servem-nos de barómetro para o tempo, e servem também de travesseiro ao crepúsculo.
Sem dúvida que a ilha que mais nos impressiona é o Pico; majestoso acenando-nos com rude franqueza de seus mistérios e vinhas, tão perto e nítido, que conseguimos distinguir perfeitamente os vários tons de verde e negro escorrendo do alto ate ao mar, daquele gigante adormecido com seu piquinho de seio adolescente, maravilha de lava e altura…
Já Raul Brandão dizia que a beleza de uma ilha era o mar que se desvenda e o mais emocionante é ver aquela que lhe fica em frente. Tinha toda a razão este escritor, pois a beleza de São Jorge completa-se pelas ilhas que o rodeiam.
Alcantiladas escarpas mergulham a pique no mar, e a tranquilidade só é interrompida pelo murmúrio das ondas, e o canto dos pássaros.
Ao descer para as fajãs sente-se o pulsar do húmus da terra, o frémito da brisa e a espessura do silêncio.
O povo Jorgense, profundamente hospitaleiro e pachorrento na forma de estar e de acolher, virou-se desde muito cedo para o trabalho duro da terra criando acessibilidades lutando contra uma geografia difícil, partindo a sólida pedra basáltica para abrir caminhos, construir casas, levantar muros e cultivar a terra.
A natureza de ilha dragão correspondeu e ofereceu no seu dorso um imenso tapete de verde intenso, num “patchwork” infinito ponteado com o azul das hortenses.
Por ai passeiam alguns milhares de vacas que tal como os jorgenses, também são pachorrentas, e sem stress produzem excelente leite que é transformado no bem conhecido queijo de S. Jorge.
Mas o dragão foi generoso e jorrou das suas veias fontes abundantes de água cristalina que, associada aos micros climas geram condições excepcionais para o cultivo de tudo, desde as plantas tintureiras, cereais, laranjas, aos frutos tropicais, inhames, uvas e ate café.
A natureza é sem dúvida a atracção primordial para o desenvolvimento turístico da ilha de S. Jorge.
Dotado de uma flora excepcionalmente rica, em endémicas e exóticas, esta ilha oferece a quem a visita um jardim botânico imenso em variedades e em quantidades.
Alem de três parques florestais, zonas de lazer, dotados de infoestruturas capazes de proporcionar aos turistas e locais o conforto e repouso necessário, todos os diversos trilhos pedonais classificados são um manancial de informação botânica.
São Jorge possui, segundo a opinião dos turistas alguns dos mais interessantes trilhos dos Açores.
Aproveitamento de antigos acessos as fajãs, feitos de forma artesanal com empedrados carregadas de historia, que nas ultimas décadas foram substituídos por estradas, esses trilhos ficaram esquecidos e alguns dotados ao abandono, mas que pouco a pouco tem sido recuperados e classificados, e são espaços perfeitos para o turismo pedonal.
Este é um trabalho contínuo pois ainda há alguns trilhos a serem recuperados e devidamente sinalizados, enquanto todos os outros tem de ser mantidos.
A componente montanha mar, e os diferentes graus de dificuldade, oferecem uma diversidade de opções, o que permite uma mais longa permanecia do turista nesta ilha.
Alem da fauna e flora, também a geologia da ilha merece o interesse dos visitantes.
A principal indústria da ilha, é a produção de queijo. Em breve, quem nos visita poderá desfrutar da Rota do Queijo.
A pesca artesanal e a indústria conserveira do atum também faz parte da economia da ilha
S. Jorge tem uma considerável diversidade cultural nas suas festas populares.
A longa extensão da ilha, permitiu que em tempos passados, cada freguesia criasse e improvisasse nos seus festejos, sendo as típicas festas do espírito santo um exemplo actual dessa diversidade.
A quantidade de impérios, mordomias, mancebos e a festa dos tremoços são a prova viva de toda essa actividade cultural com séculos de existência.
Terra natal do grande compositor Francisco de Lacerda, S. Jorge possui 15 bandas filarmónicas, bem como grupos folclóricos e etnográficos fazem parte da animação turística bem como das festas populares durante todo o ano.
Touradas a corda, e mais recentemente touradas de praça também fazem parte da nossa cultura.
Festivais como Semana Cultural e festival de Julho também animam os grupos mais jovens.
S. Jorge não tem praias, mas em contrapartida tem piscinas naturais na lava negra e as águas límpidas do oceano tem excelentes condições para a prática de desportos náuticos, mergulho, pesca desportiva, snorkeling, ski aquático entre outros
A fajã da caldeira de Santo Cristo, é um dos melhores locais da Europa para a prática do Surf.
S. Jorge também participa anualmente nas regatas do Triangulo
Património construído, cultural e religioso, de onde constam inúmeras Igrejas, conventos, impérios e solares e aqui vale a pena mencionar a belíssima igreja de Santa Barbara património nacional, o Museu Francisco de Lacerda, e Museu de Arte Sacra, e a recentemente inaugurada Exposição da Baleia.
Não podemos esquecer os típicos moinhos e azenhas.
Visitar S. Jorge é viver a descoberta, de uma paisagem luxuriante por vezes envolta em bruma e mistério, que nos transportam ao mundo primitivo, com colchas coloridas tecidas em velhos teares de madeira que repetem mecanicamente padrões ancestrais.
Visitar S. Jorge é participar de festas e crenças religiosas, nas sopas do espírito santo, regadas a bom vinho, amêijoas, cracas lapas e outros pratos deliciosos, e onde o belo queijo de S. Jorge esta sempre presente em abundância, sem esquecer para sobremesa as exóticas espécies.
Visitar S. Jorge é embrenhar-se numa história com séculos de existência, com a época áurea da Laranja, com a catástrofe de um vulcão e terramotos, com o vai e vem de uma emigração, e compreender porque este povo insiste em viver nesta ilha, mesmo desafiando a natureza.
Visitar S. Jorge é um braçado de hortenses que dividem pastagens ate ao perder de vista, é surfar em ondas de azul-turquesa num mar de águas límpidas e cristalinas, é mergulhar nas profundezas do atlântico, junto a rocha negra, visitar grutas e nadar com golfinhos.
Visitar S. Jorge é um passeio sobre um tapete de musgo intocado, é descansar a sombra de um cedro endémico, comer uvas da serra, olhando as ilhas circundantes, beber um café na fajã dos vimes a beira dos cafezeiros, e uma aguardente de nêspera para amaciar a garganta.
Visitar S. Jorge é ouvir os cagarros em noite de lua cheia, ouvir cantar o San Macaio ao som da viola de arame, e ver o por do Sol entre o Pico e o Faial.
Visitar S. Jorge é encontrar-se com a natureza em pleno.

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